Conheça a história e os aprendizados de Pedro Lima, presidente do Grupo 3 Corações, no CEO Summit 2016

“Não adianta querer abraçar o mundo, o abraço fica frouxo, você tem que abraçar com vontade.” O conselho do presidente do Grupo 3 Corações vem de experiências próprias. A primeira começa em São Miguel, cidade hoje com 22 mil habitantes no Rio Grande do Norte, para onde Pedro Lima voltou após abandonar a faculdade de agronomia em Mossoró.

“Vi que eu não tinha nada a ver com o curso. Meu negócio era comércio, vendas”, conta ele.

Decidido a cuidar dos negócios do pai, precisou escolher muito bem um deles antes de seguir a aventura. Isso porque Seu João Lima era desses empreendedores inventivos. Mesmo sem tantos recursos, já tinha montado iniciativas relacionadas a café, sabão, padaria… A mãe de Pedro, o lado mais racional da casa, já conhecia as loucuras do marido e tentava desencorajar os filhos.

Não adiantou. Pedro abraçou com vontade o café, que achava mais promissor, e fundou a empresa em 1986, com dois de seus irmãos. Na época, o negócio do pai vendia em torno de 100 sacas de café por mês. Com o passar dos anos, o café Nossa Senhora de Fátima se tornou o Santa Clara, faturou R$ 3 bilhões em 2015 e tem cerca de 20% do mercado.

Laços que impulsionam

Pedro diz, com o bom humor de sempre, que as pessoas sempre comentam: “Vocês foram muito sabidos e seu pai foi muito besta”. Mas, segundo o empreendedor, Seu João Lima foi uma importante referência em sua trajetória e lhe ensinou um de seus ativos mais importantes, que é a capacidade de criar laços, seja com clientes, seja com fornecedores.

“A palavra mais moderna, e que muita gente esquece, é confiança. Eu aprendi a cativar as pessoas, a atender expectativas de quem se relacionava comigo e também ser transparente.”

Apesar do tino natural para as vendas, o empreendedor não teve capacitação formal em negócios e, sem a habilidade aprendida com o pai, talvez não conseguiria contar com tantos bons profissionais ao seu lado. Talvez também teria feito menos fusões e aquisições do que as que impulsionaram o crescimento da empresa.

A primeira delas foi nos anos 90, quando Pedro –ainda com seus vinte e poucos anos– começou a conquistar a liderança no Nordeste com a aquisição da Kimimo. No Sudeste, avançou muitas posições com a compra da Pimpinela em 2003. Dois anos depois, a joint venture realizada entre a São Miguel Holding, empresa da família, e a israelense Strauss, fez com que a 3 Corações fosse incorporada. A nova marca acabou rebatizando o Grupo.

No palco do CEO Summit 2016, Pedro Lima compartilhou alguns dos aprendizados que os últimos 30 anos lhe trouxeram:

Concentre-se em um negócio só, e um do qual você goste.

Pedro atribui um de seus maiores erros à decisão de desviar o olhar da indústria de café e entrar em terreno desconhecido. Em 1997, comprou um negócio de outro segmento, em Alagoas, mas logo viu que não tinha a ver com ele. Não durou nem dois anos.

“Você vai gastar sua vida toda com isso, por isso você tem que selecionar bem o que você quer”, disse. “Pensa no que vai ser da sua empresa daqui 5 anos, será que ela tem longevidade?”

Empresa sem empreendedores não vai para frente.

E não estamos falando do empreendedor fundador, mas o comportamento da equipe. Pedro se orgulha de funcionários que começaram com cargos mais operacionais, se desenvolveram e desenvolveram a empresa até assumir posições mais estratégicas. Para isso acontecer, ele diz, é preciso permitir pequenos fracassos: “Os colaboradores têm que errar. Erros acontecem e às vezes eles custam um preço relevante, mas isso faz parte da luta do negócio.”

Inovação tem que ser o DNA de qualquer empresa.

“O café é um segmento tradicional, mas a gente nunca vai deixar de tomar o café com a boca e na xícara, ou seja, as formas de se fazer o café é que vão mudar”, disse Pedro. Para ele, inovação precisa ser vivida no dia a dia. Foi essa mentalidade que trouxe, por exemplo, as cápsulas das 3 Corações e a própria máquina da marca.

Desde sua fundação, a empresa cresce dois dígitos todo ano, independentemente das adversidades da economia brasileira. “Não adianta procurar ombro para chorar, o empreendedor tem que ser a alma do negócio, tem que arrancar força mesmo nos momentos difíceis”.

Para o futuro, também não tem o tal do abraço frouxo. Pedro pretende expandir a 3 Corações para a América do Sul. Não sem continuar o forte relacionamento com o consumidor, como bem ensinou Seu João Lima.